Entrevista concedida à revista Health & Management
Data: março/2007
1. Como ajudar o adolescente na busca da identidade?
As questões relativas à adolescência vêm ocupando diversas investigações desde o início do século passado principalmente nos campos da medicina, antropologia e psicologia. A juventude tem sido motivo de interesse desde a Antiguidade nas reflexões de Heródoto, Platão e Aristóteles e personagens da literatura como Romeu e Julieta, de Hamlet, trazem-nos a reflexão sobre as vicissitudes de ser jovem. Constituindo um estado existencial singular, tido para alguns como “síndrome normal” do desenvolvimento humano (ABERASTURY & KNOBEL, 1980), a maioria dos estudos sobre a adolescência ressalta que ela é uma etapa de conflitos subjetivos e relacionais com acréscimo de transformações físicas, emocionais e sociais tida como um problema por si só, variando com os fatores sócio-culturais e históricos (OLIVEIRA, 1999).
Os diferentes critérios de ordem fisiológica, psíquica e social delimitam a adolescência e, geralmente, se baseiam nas referências do aparecimento inicial das características secundárias da maturação sexual bem como nas alterações de processos sociais e psicológicos que transitam de um estado de dependência para o de relativa independência. Observa-se pouca variação dos critérios cronológicos quanto ao início da adolescência, delimitado geralmente pelo surgimento dos fenômenos físicos da pubescência (alusão ao despontar dos pelos pubianos) e da puberdade (do latim pubertas, ou seja, idade fértil). Não obstante, a extensão e, especificamente, o término da adolescência, são percebidos de forma bastante variada e de acordo com as diferentes culturas e momentos históricos.
A adolescência é um período importante do desenvolvimento humano; uma fase às vezes muito conturbada e sofrida, tanto para o adolescente quanto para os seus pais e as pessoas que o rodeiam. É o período da vida humana que sucede à infância, começa com a puberdade, e se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas, estendendo-se aproximadamente dos 12 aos 20 anos. É uma fase evolutiva na vida do ser humano na qual se busca uma nova forma de visão de si e do mundo visando definir o caráter social, sexual, ideológico e vocacional.
Podemos dizer que adolescência é sinônimo de crise, pois o adolescente em busca da identidade adulta passa por um período “turbulento”, variável segundo o seu ecossistema sócio-familiar, onde comportamentos considerados como anormais ou patológicos em outras fases do desenvolvimento devem ser considerados normais nessa transição para a vida adulta (KNOBEL, 1999).
Segundo Knobel (1981) a adolescência é entendida como um período marcado por mudanças não apenas orgânicas, constituindo-se em um período no qual o indivíduo busca estabelecer sua identidade adulta e, nesse intento, necessita desprender-se do seu mundo infantil e enfrentar o mundo adulto.
2. Que tipo de relacionamento com os amigos, família e a sociedade adulta pode trazer complicações para a formação psicológica do adolescente?
Uma família desestruturada pode vir a contribuir no aparecimento de problemas no desenvolvimento da personalidade do adolescente, gerando conflitos no relacionamento entre os pais.
Um jovem, ao vivenciar esses momentos críticos concomitantemente com as transformações biopsicossociais inerentes à esta fase, terá angústias e ansiedades exacerbadas e sua vulnerabilidade será maior. Essa situação poderá trazer sérios riscos, o que poderá acarretar o aparecimento de fenômenos patogênicos.
A adolescência caracteriza-se por ser um período de descoberta do mundo, dos grupos de amigos, de uma vida social mais ampla. Podemos dizer que adolescência é sinônimo de crise, pois o adolescente em busca da identidade adulta passa por um período “turbulento”, variável segundo o seu ecossistema sócio-familiar, onde comportamentos considerados como anormais ou patológicos em outras fases do desenvolvimento devem ser considerados normais nessa transição para a vida adulta (KNOBEL, 1999).
Cassorla (1991) relata que durante o processo da adolescência o ser humano terá que vivenciar uma série de lutos, dentre os quais a elaboração da perda do seu corpo e papel infantis, de seus pais da infância e da fantasia de bissexualidade, bem como suas vicissitudes, condensadas na Síndrome da Adolescência Normal, descrita por Knobel. Segundo Knobel (1981) a adolescência é entendida como um período marcado por mudanças não apenas orgânicas, constituindo-se em um período no qual o indivíduo busca estabelecer sua identidade adulta e, nesse intento, necessita desprender-se do seu mundo infantil e enfrentar o mundo adulto.
A autora aponta como característica da adolescência a flutuação entre dependência e independência, período este permeado de contradições, confuso, ambivalente, doloroso, caracterizado por fricções com o meio familiar e social (ABERASTURY, 1980, p.13). Entende que são três os lutos fundamentais que o adolescente deve realizar para desprender-se do mundo infantil e enfrentar o mundo adulto:
a) O luto pelo corpo infantil perdido, base biológica da adolescência, imposta ao indivíduo que, não poucas vezes, tem que sentir suas mudanças como algo externo, frente aos quais se encontra como um espectador impotente em relação ao que ocorre no seu próprio organismo.
b) Luto pelo papel e identidade infantis, que o obriga a uma renúncia da dependência e uma aceitação de responsabilidade que muitas vezes desconhece.
O luto pelos pais da infância, os quais persistentemente tenta reter na sua personalidade, procurando o refúgio e a proteção que eles significam. Esta situação se complica pela própria atitude dos pais, que também são obrigados a aceitar o seu envelhecimento assim como o fato de que seus filhos já não são mais crianças, mas adultos, ou então, em vias de sê-lo.
A elaboração destes lutos, para Aberastury, se faz de forma lenta e dolorosa. Muitas vezes, para se defender desse processo, o adolescente recorre a mecanismos psicopáticos de atuação, ou ainda, à intelectualização e à onipotência narcísica.
3. Quais são os efeitos psicológicos da maturação sexual precoce ou tardia?
A adolescência é um momento de alterações significativas, incluindo o crescimento físico e a transição psicossocial, que geralmente abarca a segunda década de vida.
Os problemas de saúde mais comuns da adolescência estão relacionados ao crescimento e ao desenvolvimento, à doenças próprias da infância que continuam na adolescência e à experimentação. Por causa de seus novos comportamentos, os adolescentes tornam-se vulneráveis a certas condições, tais como as doenças sexualmente transmissíveis. As meninas adolescentes heterossexuais ativas correm o risco de engravidar.
A adolescência é um momento da vida no qual se manifestam determinados distúrbios psiquiátricos (p.ex., depressão e outros distúrbios do humor), levando ao risco de suicídio. Os distúrbios alimentares (p.ex., anorexia nervosa e bulimia nervosa) são particularmente comuns entre os adolescentes.
A violência vem se tornando uma das principais causas de lesões e mortes entre os adolescentes. Muitos fatores, incluindo os inerentes do desenvolvimento, o envolvimento com gangues, o acesso a armas de fogo, o uso de drogas ilegais e a pobreza, contribuem para o aumento da violência entre os adolescentes. Os acidentes, particularmente as colisões de automóveis e motocicletas, são a causa principal de morte entre os adolescentes. As queimaduras, as fraturas múltiplas e outros acidentes são responsáveis por uma alta taxa de lesões graves entre os adolescentes.
A puberdade precoce é causada pela liberação precoce de gonadotropinas (hormônios sexuais) pela hipófise. Esses hormônios afetam os órgãos sexuais. A liberação precoce dos hormônios pode ser causada por uma anomalia hipofisária (p.ex., tumor secretante de hormônio) ou por uma anomalia do hipotálamo (região do cérebro que controla a hipófise). Aproximadamente 60% dos meninos com puberdade precoce apresentam uma anomalia identificável. Em contraste, nenhuma anomalia pode ser detectada em aproximadamente 80% das meninas com 6 anos ou mais com esta condição, mas a maioria das meninas com menos de 4 anos de idade com puberdade precoce verdadeira apresentam uma anomalia cerebral.
Na puberdade pseudoprecoce, ocorre a produção de níveis elevados de androgênios (hormônios sexuais masculinos) ou de estrogênios (hormônios sexuais femininos). A causa pode ser um tumor de adrenal ou um tumor testicular ou ovariano. Esses hormônios não induzem a maturação das glândulas sexuais, mas conferem à criança a aparência de um adulto.
Em um raro distúrbio hereditário que afeta o sexo masculino, a testotoxicose (uma forma de puberdade pseudoprecoce) é resultado direto da maturação dos testículos, independente do hipotálamo ou da hipófise. De modo similar, a síndrome de McCune-Albright é uma condição que causa puberdade pseudoprecoce com doença óssea, pigmentação irregular da pele (manchas café-au-lait) e distúrbios hormonais.
A puberdade precoce é a maturação sexual que inicia antes dos 8 anos na menina ou antes dos 10 anos no menino.
Nos casos de puberdade precoce verdadeira, as glândulas sexuais (ovários ou testículos) amadurecem e a aparência exterior da criança torna-se mais adulta. Ocorre o crescimento dos pêlos pubianos e a alteração da forma do corpo. Na puberdade pseudoprecoce, somente a aparência externa torna-se mais adulta, enquanto as glândulas sexuais permanecem imaturas.
A puberdade precoce verdadeira é 2 a 5 vezes mais comum em meninas que em meninos.
A maturação sexual retardada é um atraso do desenvolvimento sexual.
Alguns adolescentes não começam seu desenvolvimento sexual na idade habitual. Um retardo pode ser perfeitamente normal e o desenvolvimento tardio pode ser um traço familiar. Nesses adolescentes, a taxa de crescimento antes da puberdade geralmente é normal. Embora o estirão de crescimento e a maturação sexual sejam retardados, eles acabam prosseguindo normalmente.
Várias anomalias podem retardar ou impedir o desenvolvimento sexual. Anomalias cromossômicas podem causar a síndrome de Turner nas meninas e a síndrome de Klinefelter nos meninos. Outros distúrbios genéticos podem afetar a produção hormonal. Um tumor que lesa a hipófise ou o hipotálamo (parte do cérebro responsável pela maturação) pode diminuir as concentrações de gonadotropinas (hormônios responsáveis pela estimulação do crescimento dos órgãos sexuais) ou interromper totalmente a produção dos hormônios. As doenças crônicas (p.ex., diabetes mellitus, doenças renais e fibrose cística) também podem retardar a maturação sexual.
Nos meninos, os sintomas da maturação sexual retardada são o não crescimento dos testículos aos 13 anos e meio, a ausência de pêlos pubianos aos 15 anos ou um período superior a 5 anos entre o início e o término do crescimento dos órgãos genitais. Nas meninas, os sintomas são o não desenvolvimento das mamas aos 13 anos, um período superior a 5 anos entre o início do crescimento das mamas e a menarca, a ausência de pêlos pubianos aos 14 anos ou a ausência de menstruação aos 16 anos. A baixa estatura pode indicar um retardo da maturação tanto nos meninos como nas meninas.
4. Como lidar com os aspectos imaturos do pensamento adolescente (julgamento moral, autoconceito e a auto-estima)?
Não se pode pensar no indivíduo, no caso o adolescente, desvinculado de sua inserção do meio ambiente. A família é o primeiro grupo de referência e, enquanto estrutura primeira na vida de uma pessoa, possibilita as relações da criança com objetos externos, assumindo, juntamente com os fatores constitucionais, uma grande importância para o destino do indivíduo.
Para que o processo da individuação ocorra, é de extrema importância que o bebê tenha tido condições de ir constituindo, em seu mundo interno, imagos de mãe e de casal parental seguro e carinhoso.
Em estudos das famílias das adolescentes grávidas, Cassorla (1996, p.4) observou que se trata de famílias desestruturadas onde o pai não existe ou é ausente, e a mãe é a figura dominante, vista como autoritária e as filhas, em estudo cuidadoso, comumente não eram desejadas e eram sentidas como uma carga. Essas mães, geralmente, também engravidaram adolescentes, com conflitos semelhantes aos das filhas.
5. Como fica a questão da violência? O que leva um jovem a isso?
A adolescência é um momento de alterações significativas, incluindo o crescimento físico e a transição psicossocial, que geralmente abarca a segunda década de vida.
Os problemas de saúde mais comuns da adolescência estão relacionados ao crescimento e ao desenvolvimento, à doenças próprias da infância que continuam na adolescência e à experimentação. Por causa de seus novos comportamentos, os adolescentes tornam-se vulneráveis a certas condições, tais como as doenças sexualmente transmissíveis. As meninas adolescentes heterossexuais ativas correm o risco de engravidar.
A adolescência é um momento da vida no qual se manifestam determinados distúrbios psiquiátricos (p.ex., depressão e outros distúrbios do humor), levando ao risco de suicídio. Os distúrbios alimentares (p.ex., anorexia nervosa e bulimia nervosa) são particularmente comuns entre os adolescentes.
A violência vem se tornando uma das principais causas de lesões e mortes entre os adolescentes. Muitos fatores, incluindo os inerentes do desenvolvimento, o envolvimento com gangues, o acesso a armas de fogo, o uso de drogas ilegais e a pobreza, contribuem para o aumento da violência entre os adolescentes. Os acidentes, particularmente as colisões de automóveis e motocicletas, são a causa principal de morte entre os adolescentes. As queimaduras, as fraturas múltiplas e outros acidentes são responsáveis por uma alta taxa de lesões graves entre os adolescentes.
A puberdade precoce é causada pela liberação precoce de gonadotropinas (hormônios sexuais) pela hipófise. Esses hormônios afetam os órgãos sexuais. A liberação precoce dos hormônios pode ser causada por uma anomalia hipofisária (p.ex., tumor secretante de hormônio) ou por uma anomalia do hipotálamo (região do cérebro que controla a hipófise). Aproximadamente 60% dos meninos com puberdade precoce apresentam uma anomalia identificável. Em contraste, nenhuma anomalia pode ser detectada em aproximadamente 80% das meninas com 6 anos ou mais com esta condição, mas a maioria das meninas com menos de 4 anos de idade com puberdade precoce verdadeira apresentam uma anomalia cerebral.
Na puberdade pseudoprecoce, ocorre a produção de níveis elevados de androgênios (hormônios sexuais masculinos) ou de estrogênios (hormônios sexuais femininos). A causa pode ser um tumor de adrenal ou um tumor testicular ou ovariano. Esses hormônios não induzem a maturação das glândulas sexuais, mas conferem à criança a aparência de um adulto.
Em um raro distúrbio hereditário que afeta o sexo masculino, a testotoxicose (uma forma de puberdade pseudoprecoce) é resultado direto da maturação dos testículos, independente do hipotálamo ou da hipófise. De modo similar, a síndrome de McCune-Albright é uma condição que causa puberdade pseudoprecoce com doença óssea, pigmentação irregular da pele (manchas café-au-lait) e distúrbios hormonais.
A puberdade precoce é a maturação sexual que inicia antes dos 8 anos na menina ou antes dos 10 anos no menino.
Nos casos de puberdade precoce verdadeira, as glândulas sexuais (ovários ou testículos) amadurecem e a aparência exterior da criança torna-se mais adulta. Ocorre o crescimento dos pêlos pubianos e a alteração da forma do corpo. Na puberdade pseudoprecoce, somente a aparência externa torna-se mais adulta, enquanto as glândulas sexuais permanecem imaturas.
A puberdade precoce verdadeira é 2 a 5 vezes mais comum em meninas que em meninos.
A maturação sexual retardada é um atraso do desenvolvimento sexual.
Alguns adolescentes não começam seu desenvolvimento sexual na idade habitual. Um retardo pode ser perfeitamente normal e o desenvolvimento tardio pode ser um traço familiar. Nesses adolescentes, a taxa de crescimento antes da puberdade geralmente é normal. Embora o estirão de crescimento e a maturação sexual sejam retardados, eles acabam prosseguindo normalmente.
Várias anomalias podem retardar ou impedir o desenvolvimento sexual. Anomalias cromossômicas podem causar a síndrome de Turner nas meninas e a síndrome de Klinefelter nos meninos. Outros distúrbios genéticos podem afetar a produção hormonal. Um tumor que lesa a hipófise ou o hipotálamo (parte do cérebro responsável pela maturação) pode diminuir as concentrações de gonadotropinas (hormônios responsáveis pela estimulação do crescimento dos órgãos sexuais) ou interromper totalmente a produção dos hormônios. As doenças crônicas (p.ex., diabetes mellitus, doenças renais e fibrose cística) também podem retardar a maturação sexual.
Nos meninos, os sintomas da maturação sexual retardada são o não crescimento dos testículos aos 13 anos e meio, a ausência de pêlos pubianos aos 15 anos ou um período superior a 5 anos entre o início e o término do crescimento dos órgãos genitais. Nas meninas, os sintomas são o não desenvolvimento das mamas aos 13 anos, um período superior a 5 anos entre o início do crescimento das mamas e a menarca, a ausência de pêlos pubianos aos 14 anos ou a ausência de menstruação aos 16 anos. A baixa estatura pode indicar um retardo da maturação tanto nos meninos como nas meninas.
1. Ver Adolescência e psicopatia Luto pelo corpo, pela identidade e pelos pais infantil. In: ABERASTURY, A; KNOBEL, M., 1981, p.63-71